Técnicos do Departamento de Energia dos Estados Unidos analisaram inversores solares e baterias de fabricantes chinesas e encontraram dispositivos de comunicação sem referência nos manuais técnicos. As equipes abriram equipamentos produzidos por empresas como Huawei, Sungrow e CATL e identificaram rádios celulares e beacons Bluetooth escondidos nas estruturas internas. Esses componentes criam rotas paralelas de transmissão de dados, contornam sistemas de segurança e permitem a manipulação remota dos aparelhos, com potencial de interferir no funcionamento da rede elétrica.
Histórico revela padrão de inserções secretas em equipamentos chineses
Casos anteriores já indicavam inserções não documentadas em máquinas vindas da China. Em 2024, investigação no Congresso apontou que guindastes da estatal ZPMC, presentes em dezenas de portos norte-americanos, continham modems escondidos nos compartimentos de controle. Esses modems transmitiam dados e ofereciam acesso remoto ao sistema de frenagem. Em 2020, agentes inspecionaram um transformador de alta tensão no porto de Houston e descobriram um circuito acoplado ao mecanismo de disjuntores, com capacidade para desligamento remoto. Outros registros, como chips em servidores e falhas em câmeras de segurança, seguem o mesmo padrão de implantação silenciosa de canais de vigilância.
Leis chinesas obrigam colaboração com agências estatais
Desde 2017, a legislação chinesa impõe às empresas o dever de cooperar com os órgãos de inteligência do país. Essa determinação transforma componentes civis em possíveis vetores de espionagem. Em situações de crise, autoridades ocidentais avaliam que essa obrigação pode converter o parque tecnológico estrangeiro em instrumento de sabotagem.
Autoridades dos EUA identificam riscos múltiplos
Os investigadores apontam três ameaças principais ligadas aos dispositivos ocultos: desestabilização das redes elétricas por abertura simultânea de inversores, monitoramento da movimentação de equipamentos militares por meio de guindastes conectados, e acesso privilegiado a servidores corporativos por meio de chips ou falhas instaladas na origem. Cada ocorrência reforça o alerta sobre a exposição das cadeias de infraestrutura estratégica.
Plano propõe substituição coordenada de fornecedores
Diante do cenário, órgãos governamentais e empresas passaram a discutir medidas em três eixos. O primeiro prevê apoio a fabricantes localizados em países aliados, com políticas industriais e linhas de crédito. O segundo exige contratos com inventários completos de componentes e autorização para inspeções físicas. O terceiro propõe ampliar restrições ao uso de hardware chinês em setores críticos, com incentivo à produção descentralizada em países da América e da Europa.
Relatórios apontam necessidade urgente de resposta As revelações reforçam um alerta recorrente sobre os riscos estruturais de depender de dispositivos fabricados sob controle de regimes autoritários. Documentos públicos e relatos técnicos indicam que a infiltração de dispositivos não documentados representa uma ameaça concreta. Autoridades pedem ações imediatas para mitigar vulnerabilidades antes que uma falha oculta comprometa a segurança de sistemas essenciais.
Com informações: Agência Reuters